25 janeiro, 2018

A Criação do Mundo na Visão dos Índios Marajoaras


assista aqui: 



Zeneida, a Pajé do Marajó, Etnia Sacaca, Pará





Bisneta de Coemitanga, um xamã da etnia Sacaca. Autora do livro autobiográfico – O Mundo Místico dos Caruanas –que virou o filme Os Encantados dirigido por Tizuka Yamazaki e lançado em 2014. No livro, conta sua trajetória de vida e recupera as narrativas míticas dos índios do Marajó, com os saberes sobre a floresta e sobre a medicina indígena.

 “Mamãe era muito católica, não queria, mas mandaram buscar um pajé e ele disse: ‘ela foi flechada por Anhanga, tinha que ser sentada com sete anos de idade como pajé. Como já está com 11, já passou da idade, então tem que ser agora’. A partir disso fiz toda a preparação para me tornar pajé com Mestre Mundico..."

Documentario: doc criança esperança


Filme inspirado na sua historia:



Fonte: paje-zeneida-marajo
Foto:Marcelo Lelis

Ritual da Tucandeira e a coragem da mulher



Segundo a antropóloga kalinda Felix, "a figura da mulher aparece como importante na história do guaraná, o mito de origem da etnia Sateré-Mawé, pois a mulher é a que sabe fazer os remédios, conhece as plantas medicinais, sabe rezar.
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No Ritual da Tucandeira, eles se referem à formiga como sendo 'a nossa mulher’, aquela que nos vacina, que nos livra das doenças, a tucandeira como uma figura feminina. Nesse sentido, a mulher Sateré-Mawé é valorizada pois ela é a guardiã desses segredos." .



Em 2009,aos 15 anos, Leiciane Costa, na língua sateré-mawé é Atwãma, quebrou uma tradição e tornou-se a primeira mulher a participar do Ritual da Tucandeira, uma iniciação para a vida adulta até então exclusivamente masculina.

Durante o ritual, os rapazes (e agora, moça) colocam as mãos em uma luva de palha cheia de formigas de ferrão venenoso e muito doloroso. "Decidi participar para mostrar que as mulheres são tão corajosas quanto os homens. Mostrar que nós também podemos ser guerreiras.Ao participar do ritual, também busco ter mais saúde e coragem", disse Atwãma, como prefere ser chamada.


A emoção com a entrada da moça no centro do barracão onde é realizado o ritual estava estampada nos rostos dos presentes, sobretudo no das mulheres.
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Fonte: site Povos Indígenas no Brasil

Pajé Rucharlo, Tribo Yawanawa, Acre



“Foi uma nova era para as mulheres, como se elas tivessem finalmente levantado a cabeça depois de séculos. Saíram de debaixo do fogão a lenha”. A frase de Julia Yawanawá, de 33 anos, casada e mãe de oito filhos, descreve o resultado provocado pela vontade individual de Rucharlo Yawanawá de se tornar uma pajé. 

Ao obter um título e um reconhecimento que antes eram restritos aos homens, Rucharlo foi capaz de equiparar a posição feminina à masculina. E abriu caminho para que Mariazinha se tornasse a primeira cacique de uma das oito tribos Yawanawá, antes de começar seu processo para também virar pajé. Sem jamais ter lido nenhuma das obras das feministas europeias da década de 1960, que tanto influenciaram as sociedades ocidentais, Rucharlo iniciou uma revolução de gênero."
"— Eu tinha que provar que era capaz. Sabia que era minha missão colocar as mulheres em um novo patamar, eu tinha que resistir — diz Rucharlo


Fontes:
/india-yawanawa-vence-preconceito-faz-revolucao-feminina-na-floresta-14292017
yawanawas-descobrem-na-propria-cultura-uma-boa-fonte-de-renda-14298366









Baku, pajé da Aldeia Sahu-Apé, Amazonas




Baku é uma das filhas de dona Tereza, considerada a matriarca dos Sateré-Mawé que se deslocaram para Manaus e cidades vizinhas no fim da década de 70 e a primeira mulher líder na etnia. A mãe da pajé morreu em 2013 aos 97 anos. Baku foi a única filha de Tereza que desenvolveu a pajelança, dom para a tradicional medicina indígena. Baku venceu os preconceitos por ser mulher e hoje ocupa a posição mais importante da tribo, liderando Sahu-Apé.



 Baku se dedica integralmente aos cuidados com a comunidade. Apesar de hoje exercer a função com facilidade, ela conta que foi necessário tempo para adquirir respeito e ser aceita como liderança feminina. "Até onde sei, o Amazonas tem seis mulheres pajés em todas as tribos indígenas. Ainda são poucas. É claro que no início foi difícil acreditarem, mas não tem como não aceitar. A pajelança é um dom", relatou .
Fonte: g1amazonia noticias

Mulheres Pajés -



" Em algumas localidades da Amazônia encontra-se uma forte interdição relacionada à
prática da pajelança por mulheres...Em outras comunidades, contudo, encontram-se mulheres pajés consideradas mais poderosas até que os homens pajés, como em Soure (Marajó/PA). E em outras situações, é mais comum encontrarmos curandeiras, benzedeiras e parteiras...
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O grande entrave que impede a mulher de exercer a função de pajé é a menstruação, 
pois a população considera que a mulher não consegue controlar os seus ciclos biológicos, e
por essa razão não controlaria os seres e forças que nela atuariam. A mulher deve aguardar que a menstruação pare, para voltar às atividades

normais da pajelança. Ou então, ela deve aguardar até a menopausa, quando se “hominiza”(expressão empregada por Motta-Maués, 1993), isto é, se assemelha ao estado natural masculino, sem ciclos menstruais, para então exercer SEU DOM!🌿
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Mulheres que curam - Mayra Faro

🌿"Da mata à farmácia'🌿



Métodos de cura tradicionais dos índios que viraram remédio.
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. 🌱🌱Ipecacuanha🌱🌱
O que é – Planta comum na Bahia e em Mato Grosso.
Princípio ativo – Emetina
Uso dos índios – Bronquite, disenteria e indução de vômito.
Na farmácia – Remédios contra tosse e xaropes para indução de vômito. .

. . 🌱🌱Jaborandi🌱🌱
O que é – Arbusto típico em regiões subtropicais.
Princípio ativo – Pilocarpina
Uso dos índios – Estimular a produção de suor.
Na farmácia – Curar glaucomas. .
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🌱🌱Salgueiro🌱🌱
O que é – Árvore de climas temperado e frio.
Princípio ativo – Ácido salicílico
Uso dos índios – Mal-estar, febre, reumatismo.
Na farmácia – Mal-estar, febre.
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. 🌱🌱Dedaleira🌱🌱
O que é – Planta ornamental.
Princípio ativo – Digoxina
Uso dos índios – Distúrbio na circulação do sangue que causa insuficiência cardíaca.
Na farmácia – Arritmia e insuficiência cardíaca.
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. 🌱🌱Cinchona🌱🌱
O que é – Arbusto comum na América do Sul.
Princípio ativo – Quinina
Uso dos índios – Antitérmico
Na farmácia – Febre malárica

revista superinteressante

Ritual Indigena de Ano Novo


Para minha felicidade, primeiro dia do ano com ritual indígena ao vivo no programa Encontro. 
Tribo Funi-ô, Aguas Belas /Pernambuco

Assista aqui: Encontro Ritual Indigena






Deus Sol, Guaraci



"Guaraci, Quaraci, Coaraci ou Coraci (do tupi kwara'sy, "sol"), na mitologia tupi-guarani, é a representação do Sol, às vezes compreendido como aquele que dá a vida e criador de todos os seres vivos, tal qual o sol é importante nos processos biológicos. Também conhecido como Coaraci. É identificado com o deus greco-romano Apolo, o hindu Brahma e com o egípcio Osíris."

wikipedia

Mulheres Sábias



Ética das mulheres sábias:

Mulheres sábias não vivem queixando-se, elas geram mudanças.
Mulheres sábias são atrevidas.
Mulheres sábias são hábeis com as plantas.
Mulheres sábias confiam em sua intuição e respeitam a dos outros.
Mulheres sábias meditam diariamente e estão em contato com sua interioridade.
Mulheres sábias defendem firmemente aquilo que lhes interessa.
Mulheres sábias percebem seu caminho com o coração.
Mulheres sábias falam a verdade com compaixão.
Mulheres sábias escutam seu corpo.
Mulheres sábias improvisam e brincam.
Mulheres sábias não imploram.
Mulheres sábias riem juntas.
Mulheres sábias saboreiam a vida e a compartilham com simplicidade.

JEAN SHINODA BOLEN

Cachimbo Indigena





🌬Para os Mbyá-Guarani, a fumaça produzida pelo tabaco contido no petynguá (cachimbo) faz ver o invisível...🌪
 "Além de ser necessária em momentos do dia e da noite, em realizações  de rituais e cerimônias dentro e fora da opy, a fumaça que exala do petynguá tem uma potencialidade fundamental, e ao mesmo tempo 
demasiado perigosa. 
Pois da mesma maneira que faz com que os seres invisíveis apareçam e os  Mbyá-Guarani possam vê-los, a fumaça do petynguá permite a possibilidade de contato direto com os domínios cosmológicos, a  possibilidade de “mudar de roupa”, de posição, de tornar-se outro." .
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Fonte: Espaço Ameríndio, Porto Alegre, v. 6, n. 1, p. 97-118, jan.
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Vasos Sagrados

Mãe terra te sinto sobre meus pés
Mãe terra eu ouço o seu coração!


"Conhecida também como Mãe Terra, Avó da argila, Senhora 
da argila e dos potes de barro, a padroeira da cerâmica era considerada uma benfeitora já que a humanidade lhe devia não apenas 
a matéria-prima, mas as técnicas e a arte de decorar potes."
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Escultura e texto: Flavia Leme
Mulheres recipientes: recortes poéticos do universo feminino nas artes Visuais [Editora UNESP, 2010]

"O ato de fazer a cerâmica era uma ocupação sagrada, misteriosa e ligada ao universo feminino. Apenas as mulheres 
que haviam herdado o direito de poder praticá-la através de outras 
mulheres, suas próprias ancestrais, até que se chegasse à ancestralidade mais longínqua que teria recebido das Serpentes esse direito, 
já que o mito dizia que unicamente as Serpentes podiam fazer cerâmica."
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 Lévi-Strauss, Mito dos Hidatsa, índios do alto do Missouri.


"O barro, matéria prima muito especial, não apenas se refere à cerâmica, mas também 
aparece como a própria matéria prima constitutiva dos humanos, assim como a pedra, o que 
nos informa que humanos e objetos não são algo totalmente diferente, mas ambos são 
fabricados e têm a sua história de vida..."* No mito Mulher de Barro, os índios Tupari narram a criação dos artefatos de cerâmica a partir do corpo de uma mulher.

 Arte revista Ano 2/Vol.2



 urna funerária marajoara
As urnas funerárias simbolizavam um “retorno ao útero materno”, à barriga da Mãe Terra.


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Fases da cerâmica brasileira:

Ananatuba: séc. VII e o X a.C. , apresentando uma técnica plenamente desenvolvida, povo dividido em tribos, cada um ocupando uma única maloca e abrigando uma centena de moradores;

Mangueiras: pertencente ao grupo que sucessivamente prevaleceu sobre o primitivo Ananatuba, sua duração estimada entre o séc. IX e o XII;

Formiga: outro grupo coevo deste último, mas com a cerâmica mais pobre;

Aruã: grupo que vivia em pequenas ilhas no Amazonas, tudo indicando uma cultura bastante singular, em face do uso de urnas funerárias;

Marajó: é um capítulo à parte. Ela foi elaborada por povos que habitaram a bacia Amazônica do ano 980 A.C. até o séc. XVIII e é arqueológica. Através dela a gente pode observar a evolução, o apogeu e a decadência da cultura de um povo. A riqueza de detalhes, a exuberância das cores e a variedade dos objetos (como fusos, colheres, tangas, bancos, estatuetas e adornos) , as técnicas de brunimento (alguns feitos com conchas)."
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EBA/UFMG






24 janeiro, 2018

Ritxòkò, boneca de barro Karajá.

Essa é uma Ritxòkò, boneca de barro Karajá.
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"Nas aldeias, a boneca é dada às meninas, não somente como brinquedo, mas como também como ferrmenta de educação e de formação da identidade Karajá. Em geral, as meninas ganham um conjunto de bonecas, que as mulheres denominam como “família”. Essa família traz representações das diferentes faixas etárias das mulheres da aldeia, identificadas principalmente pelos ornamentos que usam.'
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Fonte: Xapuri Info

Deusas Lunares Indigenas



CAPEI, a DEUSA LUNAR - No princípio, a lua vivia na terra e era conhecida pelo nome de Capei. Era uma moça tão branca que parecia recortada nas águas da cachoeira. Passava os dias no fundo do bosque ou à beira das lagoas espalhando reflexos.
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Capei exercia influencia sobre os reinos da natureza. Dizia-se que regulava as marés, a germinação das sementes, o brilho de certas pedras de cor, o fluxo das mulheres, o nascimento das crianças e dos bichos. .
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Os índios, para cortar o pau e fazer um arco, para plantar uma roça ou para armar um covo na beira do rio, costumava consultá-la. Os médicos-feiticeiros, para receitar uma erva ao doente iam interrogá-la no fundo do bosque.


Jaci (do tupi Ya-cy ou Ia-cy, «mãe dos animais), na mitologia tupi é a deusa Lua, protetora dos animais, dos amantes e da reprodução.Segundo a tradição, Guaraci, o deus do Sol um dia cansou-se de seu ofício eterno e precisou dormir.

 Quando fechou os olhos o mundo caiu em trevas. Para iluminar a escuridão enquanto dormia, Tupã criou Jaci, a lua. Uma deusa tão bonita que ao Guaraci despertar por sua luz, apaixonou-se por ela. E assim encantado, voltou a dormir para que pudesse vê-la novamente. Mas, quando o sol abria os olhos para admirar a lua, tudo se iluminava e ela ia deitar-se, cumprindo sua missão.

 Guaraci pediu então que Tupã criasse Rudá, o amor e seu mensageiro. O amor não conhecia luz ou escuridão. Podendo unil-os na alvorada.


"...Em uma aldeia havia uma jovem guerreira chamada Naiá, muita linda, que se apaixonou pela Lua e sonhava em ir com ela para o céu. Todas as noites, enquanto seu povo dormia, Naiá subia as colinas esperando pela Lua, na esperança de virar estrela e seguir com ela para o céu..." E assim começa o mito da Vitoria Regia.
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Você sabia ?
"observação do céu sempre esteve na base do conhecimento de todas as sociedades do passado, submetidas em conjunto ao desdobramento cíclico de fenômenos como o dia e a noite, as fases da Lua e as estações do ano. Os indígenas há muito perceberam que as atividades de caça, pesca, coleta e lavoura estão sujeitas a flutuações sazonais e procuraram desvendar os fascinantes mecanismos que regem esses processos cósmicos, para utilizá-los em favor da sobrevivência da comunidade. 
Diferentes entre si, os grupos indígenas tiveram em comum a necessidade de sistematizar o acesso a um rico e variado ecossistema de que sempre se consideraram parte. Mas não bastava saber onde e como obter alimentos. Era preciso definir também a época apropriada para cada uma das atividades de subsistência. Esse calendário era obtido pela leitura do céu. Há registros escritos sobre sua ligação com os astros desde a chegada dos europeus ao Brasil, mas é possível que se utilizassem desse conhecimento..."
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Trecho de artigo da Scientific American Brasil, Mitos E Estações no Céu Tupi Guarani


Kuarup / finados




O Kuarup é um ritual de homenagem aos mortos ilustres, celebrado pelos povos indígenas da região do Xingu, no Brasil. O rito é centrado na figura de Mawutzinin, o demiuro e primeiro homem do mundo da sua mitologia. 

Kuarup também é o nome de uma madeira. Em sua origem, o Kuarup teria sido um rito que objetivava trazer os mortos de novo à vida. Os troncos feitos da madeira “kuarup” são a representação concreta do espírito dos mortos.

 Corresponderia à cerimônia de finados, dos brancos. Entretanto, o Kuarup é uma festa alegre, onde cada um coloca a sua melhor vestimenta na pele. Na visão dos índios, os mortos não querem ver os vivos agindo de forma triste ou feia." .
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Fonte: museu do índio


"Neste dia ... honro a minha ancestralidade, a todas as mulheres que me antecederam e me deram o direito a vida! Ahow!"