10 agosto, 2014
Xamanismo, O Sagrado Comprado
Esse texto é uma reflexão sobre a minha escolha do xamanismo como filosofia de vida. Inspirada em uma discussão na comunidade Xamanismo do Gazzag sobre o que foi denominado "cultura dos xamãs de plástico" que são os workshops, vivencias e viagens iniciaticas carissimas conduzidas por pessoas que se denominam Xamãs alguns até portando diploma!! E sobre aqueles que estao em busca do real conhecimento e nao acreditam que seja preciso pagar para ter acesso a sabedoria universal
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Ao optar pelo xamanismo não quer dizer que escolhi viver como os nativos norte-americanos, como a tradição tolteca ou como os índios no Xingu. Também não quer dizer que precise tomar ayahuasca ou peiote para entrar em estados alterados de consciências.
Segundo Nelson Neraiel: "Xamanismo é a capacidade natural humana de entrar em contato com outras realidades, outros reinos de consciência como, por exemplo, a consciência das plantas, dos animais e das forças da natureza." O termo xamã é originário da Sibéria não sendo uma exclusividade da cultura nativa norte-americana e significa aquele que tem o conhecimento, o que conhece segredo, o que detém o poder de visitar outros mundos.
Xamanismo para mim é liberdade. É apenas atender ao chamado e ficar atenta ao caminho, apreendendo tudo que surge de forma simbólica. É a possibilidade de poder praticar a minha espiritualidade porque ainda necessito dessa vivencia física do espiritual. É estar em contato com as forças da natureza, com os elementos, com os animais e torná-los meus aliados para que eu vivencie o caminho da beleza, mas sem nenhuma pretensão de tornar-me Xamã.
Como diz, Guillermo Marin sobre os ensinamentos de D. Juan: "Transformar a forma de vida e fazê-la um exercício de estratégia através da redução da importância pessoal por meio de uma vida austera, sóbria e impecável deve ser a meta suprema para uma pessoa que trate de aprender a milenar sabedoria. Aprender a ser humilde e entender que nunca seremos "guerreiros", mas atuar como se não o soubéssemos e esforçando-se até o último instante de vida."
Para isso não necessito de xamãs, gurus, guias ou mestres. Pois todas essas representações de poder espiritual são projeções do que já tenho internamente, do meu "self". Não preciso de um templo, pois o templo do xamã é a natureza, é o jardim da minha casa, a praia, é o lugar onde me sinto conectada com a natureza.
Ainda Marin diz: "Os ensinamentos de Don Juan, a Toltecáyotl e a obra de Castaneda, nos podem ajudar a retomar antigos valores, princípios e conhecimentos para sermos "melhores seres humanos", para forjarmos "um rosto próprio e um coração verdadeiro" como diziam os Velhos Avós no Calmécac ou no Telpochcalli aos estudantes. O mundo "esquisotérico" do nagual e dos alucinógenos é somente uma porta falsa, um despenhadeiro inútil. "
Bem como, achar que participar de praticas xamânicas com este ou aquele poderoso Xamã estará por isso vivenciando o "verdadeiro" xamanismo. A fogueira das vaidades está em todo lugar e não existe quem seja colocado no lugar de poder que não esteja tentado a agir de forma superior e arrogante. Como eu ouvi de uma amiga comentando sobre um Xamã "a força espiritual dele é muito forte bem como a sua sombra". E esta sombra pode nos engolir se nos colocarmos numa posição de submissão e aceitação sem reflexao critica dos ensinamentos passado por uma pessoa que em alguma instancia tem um maior conhecimento que nós, mas que nem por isso é pior ou melhor, são apenas humanas.
Ao escrever e descrever os meus sentimentos acerca da minha pratica espiritual que denomino xamânica, me dei conta de que não preciso estar presa a uma tradição, que não preciso pagar pela pelo conhecimento que ele está aqui a minha disposição. E como o chamado veio, a sabedoria vem e o entendimento chega para aqueles que foram escolhidos. Para os que não perceberam a essência do caminho da beleza, sobra o ritual teatral, a reprodução de conceitos vazios, o mal uso das plantas sagradas e os "Xamãs de Plástico".
Escrevi esse texto em 04/11/204 e continuo comungando dos mesmos pensamentos.
http://pachamama.blogger.com.br/
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